Testemunho – Irmã Ivanês Favretto

Irmã Ivanês Favretto, missionária no Projeto Intercongregacional Pan-Amazônico, em Islândia, no Peru, celebrou 30 anos de Vida Religiosa no mês de janeiro e partilha sua experiência de coragem missionária.

“Durante minhas férias encontrei pessoas amigas e familiares que, escutando um pouco da experiência missionária no Peru, expressavam dizendo: ‘Você é muito corajosa! Esta missão é para quem tem coragem! Admiro a coragem de vocês missionárias!’

Lembrei que durante o ano recebi também várias mensagens dizendo da admiração pela coragem de viver a missão. Fiquei pensando, rezando e meditando sobre esta palavra: CORAGEM.

Coragem quer dizer “agir com o coração”. Coragem é uma atitude, uma força e um movimento interior que te faz lançar e acreditar. É também bravura, confiança, ânimo, determinação, audácia. Rezando sobre tudo isso, me dei conta que o que as pessoas estavam dizendo é verdade. Está impregnado em minha vida, minha história e minha espiritualidade. Então, acabei fazendo uma retrospectiva, uma memória de minha vida. De onde vem a coragem?

Começo pelo meu lema de vida consagrada que tem esta forte palavra: ‘Seja firme e corajosa… eu estarei com você onde quer que vá.’ (Jos 1,9) A iluminação da vida pelas Palavras de Jesus: ‘Coragem! eu venci o mundo.’(Jo 16,33); ‘Coragem! Sou Eu

. Não tenha medo.’ (Mt 14,22); ‘Coragem filha, sua fé curou você.’ (Mt9,18); e a coragem das mulheres bíblicas (Debora, Ester, Maria) e tantas outras que ajudaram na libertação do povo de Deus. Frases fortes de Santa Paulina que ajudam e animam a vocação: ‘Fazei-vos Coragem, que tudo irá bem’; ‘Não desanimem, jamais, embora venham ventos contrários.’; ‘Viver a vocação com coragem, confiança e teimosia.’ Esta força vem de Deus Trino.

Posso dizer com convicção que é esta coragem que faz superar medos e fantasmas, esvaziar-se de ideias, métodos e conceitos e permitir que a vida seja preenchida acolhendo o novo, o diferente, o difícil e até o impossível.
Sou corajosa por viver a intercongregacionalidade com naturalidade e a certeza de que é um dos caminhos para a vida religiosa hoje; por viver na selva amazônica peruana com alegria, leveza e navegar nas águas sem medo; e por viver em diferentes realidades nestes 30 anos de Consagração. Os desafios encontrados, a realidade sofrida do povo e a caminhada da Igreja missionária alimentada pela Palavra fazem em mim coragem.

Coragem a gente permite, faz, busca e alimenta. Sei que esta força corajosa e animadora vem de dentro, da experiência de Deus, do olhar a realidade com os olhos do coração, do sentir a vida pulsar na floresta, nas águas, nos povos, no diferente, nas culturas. Deus me dê a graça de nunca perder a coragem e a alegria… para continuar sendo missionária do Reino.”