Nota Pública de Repúdio à Mineradora Santa Paulina

Nós, Irmãs da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada por Santa Paulina, vimos por meio desta manifestar o nosso veemente repúdio à mineradora que se autodenomina “Santa Paulina”.

A vida de Santa Paulina, “toda de Deus e toda dos irmãos”, concretizada em várias atitudes e obras que a levou a ser declarada Santa em 19 de maio de 2002, foi marcada pela “sensibilidade em perceber os clamores da realidade e disponibilidade para servir aos mais necessitados, especialmente aos que estão em situação de maior injustiça”, carisma legado à sua Congregação.

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição tem como Horizonte Inspirador “Sair depressa, como discípulas de Jesus Cristo, em dinamismo missionário, itinerante e sinodal, para ser bênção e testemunhas do Reino, servindo com alegria e esperança, onde a vida clama” (Documento Capitular de 2021-2026).

Portanto, diante do histórico de compromisso de Santa Paulina e da Congregação em defesa da vida, desde sua fundação em 1890,  queremos manifestar por meio desta Nota Pública nossa indignação em relação ao uso indevido do nome de Santa Paulina e afirmar que não temos vínculo algum com tal mineradora e, principalmente, nossa total desaprovação quanto à apropriação do título de nossa fundadora,  Santa Paulina, padroeira dos necessitados e de todos e todas que assumem o compromisso junto aos que são injustiçados e violentados em seus direitos, bem como o cuidado e a preservação do meio ambiente.

Temos conhecimento das tragédias-crime ocasionadas por mineradoras em Brumadinho, Ibirité e Sarzedo e em outras localidades de Minas Gerais, cujas consequências estão estampadas na vida de inúmeras famílias que perderam seus entes queridos, amigos, terra, casa e pertences culturais, percebendo, assim, danos irreparáveis em vidas humanas e no meio ambiente!

Exigimos respeito ao nome de nossa fundadora. É inadmissível usar o nome de Santa Paulina para acumular capital e devastar brutalmente os municípios de Ibirité, Sarzedo, Mário Campos e Belo Horizonte, inclusive com a degradação de mananciais que abastecem cerca de 700 mil pessoas (toda a população de Ibirité e uns 160 bairros da região do Barreiro, em Belo Horizonte) e o sacrifício de centenas de famílias de agricultores que produzem alimento e renda nesses municípios.

Em tempos de emergência climática com eventos extremos cada vez mais letais, urge garantir a preservação ambiental e as condições necessárias para o cuidado e a fraternidade universal, princípios fundamentais da convivência pacífica em sociedade e da garantia de toda a biodiversidade. Isto o Papa Francisco pede a nós na Encíclica Laudato Si e na Fratelli Tutti.

Convidamos todas as pessoas, entidades, movimentos populares, comunidades, que abraçam a defesa e promoção da vida socioambiental e que apoiam esta iniciativa, que compartilhem  essa nota de repúdio nos seus contatos.

 

Assinam esta Nota Pública:

Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição (CIIC)

Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Centro de Estudos Bíblicos (CEBI-MG)