Mulheres reúnem-se em Campo Grande (MS) para refletir sobre a superação da violência

O II Encontro de Mulheres da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição aconteceu entre os dias 18 e 20 de maio, em Campo Grande (MS), com o tema “Mulheres superando a violência” e o lema “Em defesa da vida, construindo a paz”. O evento contou com a presença de cerca de 30 pessoas, entre Irmãs e leigas, que trabalham com mulheres no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Ceará, Bahia, Goiás e Minas Gerais.

A assessoria do encontro ficou sob a responsabilidade da equipe do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Mato Grosso do Sul, representada por Edmeiry Silara Broch Festi e Thais Dominato S. Teixeira, defensoras públicas; Elaine de Oliveira França, assistente social; Keila de Oliveira Antonio, psicóloga; e Dayane da Silva, assessora da coordenação do Nudem. As assessoras apresentaram alguns temas como: “Violência Obstétrica”; “Lei Maria da Penha”; “Formas de violência e ciclo da violência”; e “Gênero – Categoria de análise e construção social”. Além disso, a equipe do Nudem também refletiu com as participantes sobre os diversos tipos de violência cometidos contra a mulher, apontando como devem ser encaminhadas as denúncias referentes a esses crimes.

Para a assistente social Elaine, o conteúdo abordado em encontros como este é repassado para outras pessoas, o que é fundamental para o empoderamento da mulher. “Todas as mulheres com quem conversamos nos dois dias vão multiplicar as informações passadas nos locais onde trabalham e nas redes de atuação e, assim, conhecendo os tipos de violência, poderão lutar contra ela. Quem tem informação, detém o poder”, explicou Elaine. Antônia Fernandes Bernardes, da Aldeia Buriti (MS), participou do encontro e acredita que o acesso a essas informações é uma oportunidade de ampliar o conhecimento. “Alguns tipos de violência, abordados no encontro, eu não conhecia, agora, vou poder compartilhar essas informações com as mulheres da minha aldeia e também com as que frequentam o posto de saúde, onde trabalho”, falou Antônia.

Durante o encontro, as representantes dos grupos que trabalham com mulheres tiveram a oportunidade de apresentar como elas enxergam a violência no cotidiano dos locais onde atuam. “As mulheres precisam ser ouvidas. O protagonismo é fundamental para alterar a realidade. É preciso estudar e se municiar de conhecimento”, disse a psicóloga Keila.

Irmã Reginalda Alves de Oliveira, responsável pelo projeto Multiplique o Pão, em Livramento de Nossa Senhora (BA), considerou a presença da Defensoria Pública do Mato Grosso do Sul no encontro muito significativa. “A Defensoria deixou muito claro os caminhos, os horizontes para fazermos os encaminhamentos em relação à violência cometida contra as mulheres. Nas comunidades, detectávamos a violência sofrida pelas mulheres, mas, devido à falta de clareza, não era possível fazer encaminhamentos. A informação e os conhecimentos que recebemos no encontro vai ajudar muito no trabalho com as mulheres. Era uma carência que eu encontrava na missão”, partilhou Irmã Reginalda.

Na noite de sábado (19), para conhecer na prática alguns processos apresentados durante o encontro, uma parte do grupo esteve na primeira Casa da Mulher Brasileira inaugurada no país, um espaço integrado e humanizado de atendimento às mulheres em situação de violência. A visita foi guiada pela defensora pública Edmeiry e pela coordenadora da Casa, Tai Loschi, que apresentou todos os espaços e serviços de enfrentamento à violência contra a mulher.

No último dia do encontro, o grupo visitou a Aldeia Buriti, no município de Dois Irmãos do Buriti (MS), para conhecer a realidade, a cultura e trocar experiências. Para Irmã Cícera Oliveira, que faz parte da equipe que preparou o encontro, a visita à Aldeia foi o ponto alto do evento. “A presença das mulheres junto aos indígenas foi muito significativa. Certamente, esta experiência ficará gravada no coração de cada uma”, afirmou.