As Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que atuam na Pastoral, estão inseridas em Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) em diversos países e caminham junto com o povo em suas lutas e sonhos. Para fortalecer ainda mais esta missão, Irmã Leni Monfardini, Irmã Rita de Cássia e Irmã Rosa Bampi participaram, entre os dias 18 e 22 de julho, do 15º Intereclesial das CEBs. Com o tema “CEBs: uma Igreja em saída, na busca de vida plena para todos e todas”, e o lema “Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra” (Is 65,17ss), o encontro aconteceu em Rondonópolis (MT) e contou com cerca de 1.500 delegados, além das famílias acolhedoras e das comunidades.
Durante o encontro, as celebrações destacaram a diversidade cultural e criticaram o modelo socioeconômico voltado ao extrativismo dos recursos naturais, valorizando as comunidades indígenas, quilombolas, pessoas que vivem da agricultura familiar ou estão em acampamentos provisórios, pescadores, trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais, juventudes e sua diversidade, mulheres artesãs, migrantes e imigrantes, quebradeiras de coco, entre outros grupos sociais que compõem o povo brasileiro. Também houve um momento especial de recordação de todos os Intereclesiais das CEBs.
Alex Rossi, da Comunidade São Francisco, no município de Penápolis (SP), convidou os participantes a aquecerem os corações e unir forças na caminhada. “Na alegria do Evangelho que motiva nossas lutas, no afeto do encontro, na esperança que salta aos corações nesses momentos únicos do intereclesial, duas palavras: aqueçamos os corações ainda frios e unamos as forças vivas para promover o sonho de uma Igreja em saída e de uma sociedade onde todos tenham vida plena. Cada encontro se tornou uma história e cada história construiu esse encontro”, disse.
Os participantes viveram, no 15º Intereclesial, experiências de lutas, conquistas, esperanças e resistência das juventudes, mulheres, agricultores, povos originários, entre outros. Um verdadeiro rosto latino-americano, com expressões de todas as regiões do Brasil e de diversos países.
De acordo com Irmã Leni, as CEBs continuam gerando o novo, recriando os caminhos de libertação, sob o impulso do verbo sair, que funciona como um fio condutor de toda a existência das comunidades de base e do povo que luta, resiste e não perde a esperança. “A força de toda esta gente nos fizeram sentir o calor do testemunho, do martírio (mártires), da profecia, da resistência e da resiliência, compartilhando a esperança que brota da vida, do chão sagrado das Comunidades Eclesiais de Base, que lançam as pequenas sementes de vida na seara da Casa Comum”, partilhou.
A vida ameaçada nas periferias existenciais é o ponto central das CEBs, por isso houveram muitas moções de apoio, dentre elas: Moção de Apoio aos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis do Brasil que se encontram invisibilizados, marginalizados socialmente, economicamente e culturalmente; Moção de Apoio em Defesa dos Direitos dos Povos Originários, que dizem não ao marco temporal; carta às comunidades, entre outras manifestações de apoio verbal.
O encontro também denunciou tristes realidades, como a dos desempregados (as); dos migrantes e refugiados; o trabalho escravo; a fome; o desmatamento e os incêndios criminosos, afetando os diversos biomas; a poluição das águas, do ar e da terra, destruindo a vida do planeta e das pessoas; o uso de agrotóxicos, o avanço do agronegócio e da mineração, o tráfico de pessoas, a violência, o racismo estrutural, o alto índice de violência contra as mulheres e o feminicídio, entre outros.
As reflexões foram feitas dentro do método VER – JULGAR – AGIR. O “julgar” aconteceu a partir do horizonte de um novo céu e nova terra, que a Palavra de Deus traz e que o Papa Francisco propõe por meio de suas atitudes e documentos, convidando os participantes a se manterem firmes na esperança em busca de uma Igreja sinodal de comunhão e participação.
Já o “agir” motivou as comunidades a manterem acesa a chama dos encontros bíblicos de reflexão, como sementes de novas comunidades; manterem viva a memória dos mártires da caminhada; abrirem-se, cada vez mais, ao protagonismo das mulheres; darem espaço para que as juventudes possam atuar; proporcionarem vida plena aos povos originários; valorizarem a força dos pobres nas iniciativas comunitárias e não deixarem que roubem as comunidades.
O último dia de encontro foi marcado pela festa de Santa Maria Madalena. Durante a oração, os participantes recordaram a discípula amada de Jesus, apóstola dos apóstolos, a primeira testemunha e mensageira do Ressuscitado. A Igreja em saída é Madalena que vai ao túmulo das periferias do mundo levando esperança, vida e libertação.
João Ferreira Santiago, membro-assessor das CEBs e do CEBI no Paraná, fez uma bonita reflexão sobre o encontro e motivou as comunidades a seguirem adiante e a serem perseverantes na caminhada. “Saímos de nossos céus e de nossas terras, colocamos nossas utopias nas nossas malas e encontramos com outras terras e com outros céus, conhecemos outras utopias e nos tornamos construtoras e construtores de uma Utopia Comum: o Novo Céu e uma Nova Terra. Unamos as nossas mãos, mantenhamos os nossos corações em sintonia, não nos dispersemos, porque o Espírito Santo nos espera e caminha conosco”, concluiu.
Colaboração: Irmã Leni Monfardini Lopes, Conselheira Geral da Congregação, responsável pela Pastoral.