Nos dias 05 a 07 de abril, aconteceu na Aldeia Buriti, município Dois Irmãos de Buriti (MS), a I Assembleia das Mulheres Indígenas Terena. Diversos temas foram refletidos, principalmente, o empoderamento da mulher na comunidade indígena.
Para Amélia Fermino Fernandes, uma das organizadoras do evento, a assembleia foi de grande importância para todas as mulheres envolvidas. “Enfrentamos muitos desafios para tornar possível um sonho que buscávamos realizar há muito tempo. No passado, as mulheres não tinham voz ativa para realizar eventos, eram submissas aos homens Terena, dedicavam-se ao cuidado da casa e dos filhos, então momentos como este pertenciam somente a eles. Agora foi possível realizar uma assembleia com o apoio dos homens, embora a organização tenha ficado por nossa conta, desde a parte formativa até a alimentação. Fomos as protagonistas da Assembleia das Mulheres Terena, um marco histórico, que aconteceu para nos fortalecer, continuar a buscar aquilo que queremos e jamais desistir diante dos obstáculos. Não queremos ser mais, nem menos, nem andar atrás e nem na frente, queremos andar lado a lado, mostrando a capacidade que temos como mulher. Posso dizer que estou realizada, embora a luta continue”, disse Amélia.
Irmã Maria Iranilda Rodrigues, que atua junto à população indígena na Aldeia Buriti há seis anos, acompanhou todo o processo que culminou com a assembleia. De acordo com ela, o evento foi resultado de um trabalho de conscientização das mulheres em parceria com os homens Terena, comunidades locais e arredores. “A força da mulher Terena é visível aos olhos das outras mulheres não Terena. A assembleia foi uma experiência única pelo contexto no qual foi realizada, com momentos tensos politicamente, direitos indígenas violados e tantos outros. Deixo meu apoio na certeza de que outras assembleias virão e outros sonhos serão conquistados pelas mulheres indígenas e, em especial, pela mulher Terena”, afirmou Irmã Iranilda.
Irmã Adriane S. Oliveira também esteve presente na assembleia e conheceu um pouco da comunidade indígena Terena. “Fiquei lisonjeada, agradecida e feliz com esta oportunidade. Refletir a realidade da mulher me encanta, ainda mais quando se trata de mulheres indígenas, pois sofrem mais preconceito e discriminação. Este evento demonstra uma força imensurável, um processo grande de reflexão, luta e caminhada”, disse Irmã Adriane. Para ela, três pontos foram significativos e de grande relevância: a valorização das mulheres anciãs e a preocupação com a formação das crianças e jovens; a relação profunda com o transcendente, que perpassa a relação integral com a natureza, ou seja, não ver a terra somente como possibilidade de produção, mas como a mãe que produz e dá vida; e, por último, a vivência de comunidade, todos lutando juntos pelos seus direitos.
As mulheres ficaram felizes pela oportunidade de participarem da assembleia e encerraram este momento marcante com a frase da revolucionária Rosa Luxemburgo: “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”.
Colaboração: Irmã Adriane S. Oliveira