Ir. Célia B. Cadorin

 

celiaOK

 

É um título novíssimo, quase inacreditável, que precisará de tenoi oara ebtrar ba fala quotidiana. 
madrepaulina1b É, porém, um fato real, que carrega consigo uma série de conseqüências, especialmente para as Irmãzinhas da Imaculada Conceição! Quando um Papa, usando da prerrogativa da infalibilidade propõe à Igreja Católica um santo, este ato canônico-teológico provoca perguntas em todos os crentes e não crentes: que é? O fez para merecer tal honra?

Estudando ou meditando a vida de Madre Paulina, surge na mente e no coração que se trata de uma figura poliédrica porque formada de diferentes facetas, todas elas ricas e incentivadoras, capazes não apenas de atrair a atenção como motivar no seguimento de seus passos.

Amábile como leiga e Paulina como religiosa foi sempre uma pessoa do povo, no meio do povo, vivendo para o povo. Não foi letrada, nem estranha à dificuldades e situações históricas ou sociais de sua gente. Conheceu a pobreza “fino in fondo” e a dureza do trabalho desde a infância até sua morte.

Uma faceta que encanta: mulher da enxada, da roça, do trabalho duro de sol a sol, em terras que não eram suas (mezzadria, isto é, à meia). Além disso, sabe dizer a todos nós o que é ser bóia-fria, pois partia cedo, a pé, levando consigo e para o grupo de suas Irmãs a polenta com verdura e quase nunca carne ou ovo para comer frio na hora do almoço.

Ontem como hoje, muitos brasileiros ainda conjugam enxada com bóia-fria! Será que a Santa Madre Paulina não significa algo de providencial para estes seus e nossos irmãos tão sofridos?

Outra faceta: mulher tecelã, do tear, do fio, do tecido, da seda, da tinturaria, das confecções, que não pode interromper o trabalho para não prejudicar a produção e com isso o ganha-pão para suas filhas e seus assistidos…E ao mesmo tempo oferece trabalho para mães e jovens com a criação dos bichos da seda.

É Madre Paulina quem introduz em Nova Trento a primeira fábrica de tecidos, pioneirismo que mereceu diplomas e condecorações nacionais e internacionais, em tempos de poucos meios de comunicação!?!

Uma nova faceta: mulher de Deus, porque nutre seus dias e noites com a oração, com as visitas e adoração a Jesus no SSmo. Sacramento do altar; que tem a Virgem de Lourdes como mãe que a ajuda constantemente: “era toda sua”, sem esquecer a providencia inaudita do “San Giuseppe, pensateci Voi” (São José, pensai Vós por nós),
a quem recorre com confiança filial e quer que seja chamado de “nosso bom Pai”. Nos serviços ou caminhadas ao longo do dia, receia os minutos com jaculatórias, vivendo assim em contínua união com seu Deus.

Mais uma faceta: mulher vítima da obediência, pois lhe foi imposto um dia: “viva e morra na Congregação como súdita”. E Madre Paulina com heróica obediência, assim viveu por longos 33 anos sem jamais contestar ou se queixar de tal ordem: “Volontà di Dio, paradiso mio”! Assim como o Filho de Deus fez seu exílio no pão eucarístico, Madre Paulina encontra força no afastamento de sua obra em Jesus – Eucaristia: “Ele está aqui comigo”!.

Uma faceta particular: mulher dos doentes. É com uma cancerosa que inicia sua obra e mantém durante toda a vida uma predileção pelos doentes nas famílias, nas Santas Casas ou Hospitais. Como fruto de um dom de Deus e de uma motivação teológica, existe em Madre Paulina uma solicitude e afeição tão sensíveis pelos doentes, que
comovem e provocam admiração. Para ela “os doentes são a verdadeira face de Deus” e contempla “Jesus agonizante” em todo rosto sofrido ou acamado de seus irmãos e irmãs.
Madre Paulina faz jus ao título dado pelos vigolanos: “enfermeira” ou seja, ser-para-os-outros, sobretudo para os enfermos por quem nutre uma paixão, que preenche todo o arco de sua vida: desde a avozinha paterna de Vígolo Vattaro até os cuidados pela superiora geral (Madre Vicência) ou Irmãzinhas doentes, nos últimos anos de vida.
Não terá com isso uma missão especial para os que gastam sua vida em favor dos enfermos? E que proteção particular não estará disposta a dispensar, agora do céu como santa e enfermeira de tantos necessitados de saúde ou portadores de câncer como foi a doente instrumento de uma nova Congregação na Igreja do Brasil?

Creio que Madre Paulina conserva bem claro na sua memória os sofrimentos da cancerosa de Vígolo de Nova Trento e por isso nunca esquecerá os que trazem em seus corpos a mesma doença. Não será ela a desatadora de tantos nódulos e a enfermeira intercessora de tantos irmãos marcados por este mal do século?! Madre Paulina, santa de tantas facetas, que traduzem necessidades prementes do povo brasileiro, tu que és agora a primeira santa desta terra, ouve o nosso clamor e intercede por todos, que te invocam como Santa Madre Paulina.
Amém.