Para se tornar Santa, foram precisos que dois milagres de Santa Paulina tivessem a autenticidade reconhecida pelo conselho médico e científico do Vaticano. O primeiro milagre confirmado aconteceu em 1966. A cura de Eluíza de Souza, de Imbituba (SC), que possuía uma doença complexa: a morte intrauterina do feto e sua retenção por alguns meses. A extração com instrumentos do útero foi seguida de grande hemorragia e choque irreversível. A completa cura de Eluíza após essas complicações foi a prova necessária para a sua beatificação. Em 1991, numa missa campal em Florianópolis (SC), o Papa João Paulo II nomeou Madre Paulina uma beata.
O segundo milagre aconteceu em Rio Branco (AC), em 1992. A menina Iza Bruna Vieira de Souza nasceu com má formação cerebral, diagnosticada como “meningoencefalocele occipital de grande porte”. No 5º dia de vida, foi submetida, embora anêmica, a uma cirurgia e, depois de 24 horas, apresentou crises convulsivas e parada cardiorrespiratória. A avó da menina, Zaira Darub de Oliveira, rezou à Madre Paulina durante toda a gestação da filha e também durante o período no hospital. A menina Iza Bruna foi batizada no próprio Hospital, dentro do balão de oxigênio, e logo se recuperou.
A data dos 15 anos de canonização é mais uma oportunidade de celebrar a vida de Santa Paulina, que viveu em grau heroico as virtudes de fé, esperança e caridade. E seu carisma ainda vive através da sua obra, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada por ela em 1890. Presente em diversos Estados brasileiros e em 11 países das Américas do Sul e Central, além de África e Europa, a Congregação realiza atividades diversas nas áreas de Educação, Saúde, Pastoral e nos serviços de Assistência Social, Hospitalidade e Administração. No ano de 2006, foi inaugurado em Nova Trento um Santuário erguido em homenagem à primeira Santa do Brasil, que recebe a visita de mais de 50 mil fiéis, devotos, peregrinos e turistas todos os meses.
A Coordenadora Geral da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, Ir. Roseli Amorim, enaltece o caminho percorrido por Santa Paulina durante toda sua vida, um caminho de fidelidade ao projeto de Deus, obediência à sua Palavra e de serviço aos pobres e injustiçados. “Esse caminho foi vivido em tal radicalidade que a tornou sinal concreto do amor do Pai. O caminho de fidelidade se tornou um caminho de santidade. Para todas as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, celebrar 15 anos da Canonização de Santa Paulina é o convite à gratidão a Deus pelo seu exemplo, testemunho e espírito missionário. É uma convocação para viver com mais intensidade o carisma que Santa Paulina nos deixou, atualizando no hoje da história os valores que constituem nossa vida como Irmãzinha, iluminados pelos seus passos no seguimento a Jesus”, declarou Ir. Roseli Amorim.
A Congregação, comunidades e paróquias que tem Santa Paulina como Padroeira, juntamente com o Instituto Secular Santa Paulina e a FAMAPA (Família Madre Paulina), em comemoração aos 15 anos de sua canonização, realizará diversas celebrações no próximo final de semana. Dia 21 de maio, próximo domingo em São Paulo, na Capela Sagrada Família e Santa Paulina, no bairro do Ipiranga, às 11 horas, teremos a missa em ação de graças, e no Santuário Santa Paulina, em Nova Trento, teremos quatro celebrações durante o dia, entre as quais a missa com transmissão ao vivo da TV Aparecida e da TV Evangelizar, às 6 horas da manhã.
Biografia
Nascida no dia 16 de dezembro de 1865, em Vigolo Vattaro, Trentino Alto Ádige, norte da Itália recebeu o nome de Amábile Lúcia Visintainer. Era a segunda filha de Antônio Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer. Imigrante italiana radicada no Brasil desde os 9 anos de idade, Santa Paulina adotou o Brasil como sua pátria e os brasileiros como irmãos. Imigrou para o Brasil, juntamente com seus pais, seus irmãos e outras famílias da região Trentina, no ano de 1875, estabelecendo-se na localidade de Vígolo, em Nova Trento (SC). Em 1887, com o falecimento de sua mãe, Amábile cuidou da família até o pai contrair novo casamento. Desde pequena ajudava na Paróquia de Nova Trento, especificamente na Capela de Vígolo, como paroquiana engajada na vida pastoral e social.
Aos 12 de julho de 1890, com sua amiga Virginia Rosa Nicolodi, deu início à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, cuidando de Angela Viviani, mulher em fase terminal de câncer, num casebre doado por Beniamino Gallotti. Após a morte da enferma, em 1891, juntou-se a ela mais uma entusiasta de ideal: Teresa Anna Maule. Em 1894 o trio fundacional da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição transferiu-se para a cidade de Nova Trento. Receberam em doação o terreno e a casa de madeira dos generosos benfeitores: João Valle e Francisco Sgrott, hoje onde fica o Centro de Espiritualidade Imaculada Conceição.
Em 1903, Santa Paulina foi eleita, pelas Irmãs, Superiora Geral por toda a vida. Nesse mesmo ano, deixou Nova Trento para cuidar dos ex-escravos idosos e crianças órfãs, filhas de ex-escravos e pobres no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Recebeu apoio do Pe. Luiz Maria Rossi e ajuda de benfeitores, em especial do conde Dr. José Vicente de Azevedo.
Em 1909, a Congregação cresce nos estados de Santa Catarina e São Paulo. As Irmãs assumiram a missão evangelizadora na educação, na catequese, no cuidado às pessoas idosas, doentes e crianças órfãs. Nesse mesmo ano, Santa Paulina foi deposta do cargo de Superiora Geral pela autoridade eclesiástica e enviada para Bragança Paulista, a fim de cuidar dos doentes e asilados, onde testemunhou humildade heroica e amor ao Reino de Deus. Compreendendo que a obra era de Deus e não sua, ela submeteu-se humildemente e permaneceu por nove anos naquela missão. Em 1918, Santa Paulina foi chamada a viver na Sede Geral da Congregação, onde testemunhou uma vida de santidade e ajuda na elaboração da História da Congregação e no resgate do Carisma fundante. Acompanhou e abençoou as Irmãs que partiam em missão para novas fundações.
Santa Paulina morreu aos 77 anos, na Casa Geral em São Paulo, dia 9 de julho de 1942.