Irmã Daiane Gonçalves compartilhou a experiência vivenciada na 4 ª Missão da Vida Religiosa Consagrada Jovem, promovida pela Conferência dos Religiosos do Brasil, entre os dias 14 e 29 de julho, na Paróquia Menino Deus, em Anajás, na Ilha do Marajó (PA). Confira o depoimento.
“Ao chegarmos em Belém, a ansiedade e a curiosidade estavam em alta dentro de mim, pois ansiava muito viver a experiência proposta pela CRB Nacional – Conferência dos Religiosos do Brasil, a qual sou muito grata pela coragem de acreditar na força das Novas Gerações.
À medida que íamos chegando e nos acolhendo, o clima de alegria e fraternidade, que é próprio da Vida Religiosa Consagrada, se fazia presente.
O primeiro encontro com hora marcada foi importantíssimo para nos conhecermos e percebermos a beleza do carisma de cada Congregação, Ordem e Instituto, sinal muito presente durante toda a missão.
Dois dias depois, Dom Evaristo P. Spengler chegou e nos acolheu com muita simplicidade e alegria próprias de um Franciscano que se revestiu do amor ao próximo, especialmente ao povo marajoara. Entre tantas palavras de agradecimento e louvores a Deus, firmou: “Não tenham medo de avançar para as águas mais profundas e de abaixar para compreender e acolher o povo. Não tenham medo de sentir o povo”.
Com essas palavras e a motivação interna, procurei viver essa experiência de coração aberto e disponível à ação do Espírito Santo. Afirmo que não foi fácil. Nunca em minha caminhada de religiosa fiz uma viagem com tantas horas sobre as águas. Foi um exercício de abaixar ao povo, começando por se inclinar para passar por debaixo das várias redes armadas dentro daquele barco.
Esse começo foi para mim uma abertura radical. Dormir uma noite em um barco foi difícil, mas não impossível, pois quando temos irmãos e irmãs companheiros isso faz toda a diferença.
Quando firmamos os nossos pés no solo de Anajás, percebemos a simplicidade e a linguagem do amor presentes naqueles inúmeros olhos que brilhavam ao ver tantos missionários e missionárias. Muitos me abraçaram e disseram a palavra fundamental para essa missão: coragem!
E a coragem perpassou todo o meu ser com muita alegria e entusiasmo para visitar as inúmeras casas, adentrar na história de tantos ribeirinhos, a coragem de tentar compreender a linguagem dos rios, a coragem de parar, de viver sem conexão com o mundo externo, de vencer o cansaço e brincar com as crianças em frente uma Igreja, assumindo que não sei tudo, pois em uma dessas brincadeiras afirmei que meu estoque de músicas havia acabado. Uma pequena, com seus oito aninhos, afirmou-me com muita convicção e motivou a todos, dizendo: “Missionária, agora somos nós que vamos ensinar o que a gente sabe”. Isso para mim foi muito profundo, me deu ânimo para continuar a missão. Assim, continuei a buscar coragem em todas as adversidades que surgiram no caminhar.
Caros missionários e missionárias, entender a simplicidade e a linguagem do amor requer de nós viver em saída, como nos propõe o Papa Francisco.
Não tenhamos medo de ser uma faísca do amor Daquele que nos chamou junto aos ribeirinhos, pois foi isso que essa missão me fez enxergar: que somos uma simples faísca presente no mundo e que fazemos toda a diferença por onde quer que o barco passe.
Meus sinceros agradecimentos à minha Congregação que possibilitou estar nessa missão e à CRB Nacional que acreditou e motivou as Novas Gerações a viver essa belíssima abertura para nossa Amazônia.
Com muita gratidão,
Irmã Daiane de Araújo Gonçalves”